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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

VIDA E MORTE





Entre todas as coisas da vida, a vida é, sem dúvida, a mais complicada... afinal, é na vida que está tudo o mais... tudo menos uma coisa: a morte. A morte não faz parte da vida. Morrer é o avesso de viver. Morrer é avulso a viver. Morrer está, portanto, fora do viver. A morte não é parte da vida. Estranho é passarmos a vida preocupados com algo que não faz parte da vida. 
O que há na morte é exatamente o contrário de tudo o que há na vida... pense: se a morte é o avesso da vida, então, na morte há o contrário daquilo que há na vida. Se, por um lado é bom, por outro, é bem ruim... se por um lado é ruim, por outro, é muito bom. Afinal, a vida tem lá seus percalços, é verdade, mas também, tem suas alegrias. Se viver tem seus momentos bons, por outro lado, tem suas agruras.
Morrer não é entrar no vácuo, morrer é entrar no mundo inversamente oposto à vida... é começar a viver de trás pra frente até 'morrer-se' de novo do lado de lá para, de novo, 'nascer-se' do lado de cá...
'Nascemos' velhos na morte... e lá 'morremos' bebês. Alguns, entretanto, apressados, 'nascem' jovens lá na morte... esperando, com isso, apressar seus dias de defuntos - tolos - pois o máximo que conseguem com isso é ficar mais tempo na fila de espera da entrada da vida.... cá do lado de cá. 




sábado, 2 de novembro de 2013

CUBISMO BUDISTA




recriar a criação descriada
pela ponte falha
da criatura que se crê criador


respirar a sensação recriada
pelo pranto atalho
do criador que não se crê criatura





BUDISMO CUBISTA




crença de quem crê
só naquilo que vê
nu concreto olho que TV



olho concreto nu que TV
crença de quem só vê
o outro naquilo que em si fé





segunda-feira, 29 de julho de 2013

NA FILA



Estou ilhado
Cercado de ilhas por todos os lados

Cada ilha uma queda
Um tombo
Cada ilha um amontoado
De metonímias velhas, acabadas

Ilhas isoladas
Siamesas ilhas desconhecidas
Estrangeiras na mesma fila de ilhas
Unidas pela mesma língua
Ungidas pela mesma míngua
Separadas pelo mar sem fim
De ridículas idiossincrasias

E películas de hipocrisia.



terça-feira, 23 de julho de 2013

SE EU FOSSE SOBRE O PAPA FALAR

 
 
Dúvidas... coisas que até pensei questionar (com respeito e deferência, claro) ... mas depois, desisti:
1.       Que relação esquizofrênica e medieval é esta, afinal, entre a Igreja Católica Apostólica Romana e política governamental, presidentes de repúblicas, chefes de estado? Se o pontífice vier como Presidente da República do Vaticano (é República?), enfim, tudo bem – honrarias de Chefe de Estado. Mas, penso que ele veio como religioso, não é? Então, que a sua igreja o receba muito bem, com muito carinho e respeito, com toda a honra que ele merece... mas a sua igreja, somente, não a federação, o governo... Aliás, sempre achei estranho que uma igreja seja dona de um país... mas, enfim, quem sou eu?
2.       Por que o presidente de uma organização internacional tem de ser recebido pela/o presidente de um país? Pensemos: diariamente chegam ao Brasil, centenas de presidentes de indústrias / empresas / negócios (menos lucrativos, inclusive) e, pelo que sei, eles não são recebidos pelas autoridades máximas do país...
3.       E quanto às outras religiões? Imagino o grande chefe dos muçulmanos chegando ao Brasil e sendo ovacionado nacionalmente, recebido pela presidente da república, pelo presidente do STF. Imagino o maior representante do budismo recebendo o mesmo tratamento. Penso no babalorixá dos babalorixás chegando ao Brasil – queria ver a senhora presidente, o senhor presidente do STF baterem cabeça pra ele.
4.       Afinal, somos ou não somos um país laico como diz a nossa Constituição Federal?
5.       Eu ia até sugerir que a Igreja Católica Apostólica Romana cuidasse mais dos assuntos celestiais, como postulou aquele a quem seus dirigentes devem se lembrar: Jesus. Coisas simples como amar a Deus e ao próximo, mas como não gosto de coisas óbvias, prefiro me abster.
6.       Que venha o pontífice! Que chegue com sua simpatia, sua amabilidade, sua pretensa humildade, inclusive, mas que cuide mais do amor e menos do ódio, não é? Acho que nós já temos Malafeias demais, Infelicianus demais, por aqui, pregando o ódio ao próximo – quando este próximo não é como eles querem que seja. Não é necessário que alguém venha de tão longe, gerando tanto gasto aos cofres públicos para dizer mais do mesmo – já sabemos que a Igreja Católica Apostólica Romana é contra... contra ... contra... (contra o século XXI, contra leitura crítica do mundo, contra inteligência, contra pensamento esclarecido, contra liberdades pessoais, contra direitos civis – enfim, a favor do seu passado sombrio e macabro). Não me lembro, apesar da minha ignorância bíblica, de Jesus ser contra outra coisa senão a exploração do mais fraco, a mentira, a discriminação, o julgamento do outro, a falta de amor entre as pessoas... mas para a Cúria, parece que “quem é mesmo esse Jesus”? Algum hippie maluco do século 0?
7.       Finalmente, pergunto-me, por que é que meus impostos têm de custear a hospedagem e a segurança de Sua Santidade se a Igreja Católica Apostólica Romana tem dinheiro para comprar o Rio de Janeiro se quiser?
8.       Mas, nada disso direi, prefiro me calar e fingir que faço parte da massa feliz que, como os que vão aos estádios, assistem orgulhosos a seu time vencer e acreditam, vejam vocês, que estão vencendo também!
9.       Como dizia minha linda e sábia avó: “Deus me livre”!
10.   Salve sua força, Santidade!!! E já que está no Brasil: Axé!!!
 
 
 
 
 

domingo, 21 de julho de 2013

DISTÂNCIAS




Vejo, em minha frente,
dois homens
dois pais
e seus dois filhos nos braços

são pais
são homens
são negros

seus filhos
ungidos pela mesma pele escura
unidos no mesmo vagão escuro
vão se encontrar um dia
untados num mesmo vagão, como hoje,
esmagados um no outro
separados um do outro...





sábado, 22 de junho de 2013

APLAUSOS E VAIAS!!!




PARA QUEM PREFERE FINGIR QUE VIVE NUMA DITADURA... PARA QUEM, COMO DIZIA PLATÃO, DEMOCRACIA NÃO SERVE. PARA QUEM PRECISA DE CABRESTO, DE GUIA.

Um país onde o dirigente ou a dirigente manda em tudo e em todos não é Democracia, é monarquia absolutistaou é regime ditatorial. 

Um governo democrático consiste no equilíbrio de poder. Ainda bem, porque se tivéssemos um presidente totalitarista quem o deteria? Quem vigiaria seus atos? Quem o fiscalizaria? Como no Irã, na Síria, Líbia. 

TODA A A LUTA NO ORIENTE FOI PARA ELES TEREM O QUE NÓS TEMOS: EQUILÍBRIO ENTRE OS TRÊS PODERES, DEMOCRACIA. Isso não fui eu quem inventei, foi Montesquieu, filósofo francês do século XVII. 

O problema é quem parece não querer saber de coisa alguma. Há um número de pessoas que, alienadas como sempre, preferem ser guiadas, ser manipuladas e servir de manada a ler e buscar informação antes de falar do que nem sabe. 

Protestar... Aplausos!
Protestar por protestar... vaia!
Pesquisar antes de se expressar ... Aplausos!
Compartilhar por compartilhar ... vaia!
Protestar por causas justas e factíveis ... Aplausos!
Protestar por utopias, idiossincrasias e 'tiros no próprio pé' - vaia

Alguns estão querendo que a nossa presidente interfira em tudo diretamente. Que ela, em outras palavras, feche o congresso, será que é isso? Que ela, em palavras mais claras ainda, dê um golpe de estado e instaure aqui uma nova ditadua??? 

Sim, porque é isso. Querer que UMA PESSOA mande e controle tudo é ditadura. 
Acordou, Brasil??? Ah, que bom! Então, agora, comecemos a raciocinar!!!




terça-feira, 18 de junho de 2013

PORQUE IMPEACHMENT NÃO É A SOLUÇÃO.





Os protestos que sacodem o Brasil são o grito sufocado de anos de injustiças, roubos, mentiras e exploração. Sem falar de uma incompetência generalizada e de uma má vontade patológica de muitos políticos.
Entretanto, não nos esqueçamos que moramos em uma federação democrática, composta por três poderes harmônicos entre si e com igual importância: Executivo, legislativo e judiciário. Não nos esqueçamos também da autonomia dos Estados. 
Falar em Impeachment da presidente é uma grande estupidez. É jogar toda esta energia, todo este movimento pelo ralo, pelo esgoto. Fizemos um impeachment no passado e para quê? Para colocar no poder o governo mais neoliberal que já tivemos. E é por conta deste governo neoliberal que hoje estamos como estamos ou alguém ainda acredita que foi o PT que começou tudo isso? Como eu disse outro dia... maldito PT que causou até a queda de Lúcifer do céu, a expulsão de Adão e Eva do Éden, que afundou o Titanic, que, se brincar, provocou o Big Bang.
Ora, sejamos coerentes, o PT sozinho não tem tanto poder assim. Tirar a Dona Dilma da presidência não vai resolver nada. Se for para tirar, temos de tirar muita gente, como foi feito na Finlândia, mas não aparece por aqui, porque é assustador demais para os políticos e para os poderosos, verdadeiros donos do Brasil.
O que precisamos, na verdade, é de uma reforma política radical (na acepção de raiz), consistente e duradoura. Algo que mexa com todos os cidadãos brasileiros. Porque política não começa no Palácio do Planalto, política começa dentro da casa de cada um de nós.






segunda-feira, 17 de junho de 2013

EIS QUE SE APROXIMA O GRANDE E REAL PROTESTO, AQUELE QUE PODE, DE FATO, MUDAR ALGUMA COISA




Mudar nosso cenário político escolhendo bons candidatos - eis a verdadeira arma da democracia e eu diria que, hoje, no Brasil, achar estes bons políticos é como o velho ditado "procurar agulha no palheiro", mas é o que teremos de fazer. 

Parece, enfim, que chegou a hora de chamar para nós a responsabilidade. Não dá para viver colocando a culpa no governo. É preciso se mexer e pesquisar. É preciso investigar cada candidato muito cuidadosamente. É preciso, em outras palavras, milhões de manifestações individuais nas próximas eleições, cada um  em sua casa, na sua comunidade, sua vizinhança, bairro, escola, igreja, trabalho, NA INTERNET etc, buscando informações dos seus candidatos, comparando, pesquisando, lendo, ESTUDANDO, enfim. 

Em outras palavras, já que o Brasil acordou e já não "dorme em berço esplêndido"  vamos parar de esperar e agir de verdade. Agir criticamente. Agir pensando, refletindo. Agir conhecendo candidatos e escolhendo gente que não deixe jamais nossa situação chegar aonde chegou novamente.

Protestar é lindo, mas saber escolher é melhor ainda. 
E para isso, não bastam milhares, é preciso milhões.

Milhões trabalhando juntos. Votar não é um exercício de um dia, mas de vários meses. Uma pesquisa leva tempo. Quem vai fazer um doutorado, leva quatro anos ou mais estudando, isso sem contar o que estudou antes - Mestrado e graduação - para se formar... imagine para se INformar... 

Vamos reter esta energia de agora e mantê-la viva para levá-la à revolução que pode mudar de verdade tudo isso. Tenho certeza de que há, no meio deste cenário horroroso, bons políticos, independente de seus partidos, o que nós precisamos fazer é descobrir quem são, onde eles estão, compartilhar seus nomes, seus perfis e votar neles massivamente. 



O POLITIQUEIRO DE MERDA

Fico pensando nos anos que passei quieto. Calado em absoluto silêncio. Ao meu redor, via pessoas discutirem política, gritarem suas opiniões e eu me calava, simplesmente. E me calava porque não sabia nada. Não lia nada, não me interessava por política. Até o dia que percebi que não saber nada, que não opinar era escolher um lado sem perceber, e pior, era escolher o lado podre, o lado ruim. Quem se omite politicamente engrossa o caldo dos que não prestam. Quem se cala concorda com tudo de ruim que aí está. 

Mas, por outro lado, é tão melhor ficar calado do que falar besteira!

Como é melhor ficar calado. Só comecei a falar quando comecei a ler a respeito. 
Assinei os dois "maiores" jornaizinhos de São Paulo. Assinei revistas e comecei a ler, modestamente. Lá no Paraná, ainda, durante o Mestrado, assinava revistas mais cults, mas aqui, assinei revistas políticas, mesmo. Depois vi que estava patrocinando o lixo. Desassinei. Continuei me informando por aqui, pela net. Buscando neutralidade, buscando o avesso do que aparecia na mídia. Demorei, mas hoje digo as coisas com um pouquinho mais de fundamento - pouquinho ainda. Apresento argumentos que vão além do 'achismo', além do 'globismo', além do 'vejismo' e, principalmente além do 'maria-vai-com-os-outrismos'. 
Percebi que, ainda pior que ser apolítico é ser polítiqueiro de merda. É reproduzir discursinho aleijado, capenga, meia-boca... gente que não lê ou que lê muito mal, que lê qualquer coisa... qualquer coisa, mesmo, nível de PC, 50..., Cre... enfim, coisas que, honestamente, desabilitam tais pessoas de uma discussão mais séria.

O problema do politiqueiro de merda é que ele assiste ao noticiário do canalzinho da elite (geralmente o politiqueiro é pobre, mas acha que não é) e sai dizendo besteira. Por exemplo, sai criticando o governo federal porque é isso que o canalzinho de merda, também, faz. Mas sem nenhuma fundamentação sólida. Não tem argumentos que ultrapassem o senso comum, o lugar comum, o globismo, enfim, a mediocridade. Aí surge o fanatismo imbecil e imbecilizante do politiqueiro de merda, porque você apresenta a ele argumentos, números, estatísticas, comparações, proporções, porcentagens e de nada adianta, porque cego, alienado e estúpido feito a pomba lesa no jogo do xadrez, o politiqueiro de merda ignora seus argumentos e continua achando a mesma merda que achava antes. 

E sabe por quê? 
POR PREGUIÇA. 
Preguiça de ler. Preguiça de pensar. Preguiça de mexer-se um pouco da cadeira, sair um pouco da autoajuda, do videogame, da novela, do futebol e pesquisar de verdade e ler de verdade, porque o conhecimento não está mais inaccessível como era na Idade Média. Ele agora está ao alcance de todos, só exige que o busquemos.
Mas o politiqueiro de merda é uma merda, mesmo, porque ele é preguiçoso, ele é burro, é papagaístico, repete ideias dos outros. Fala do que não sabe, generaliza, superficializa, despersonaliza, enfim, vulgariza o conhecimento. 
O pior é quando este politiqueiro de merda tem até nível supeior, aí é de querer rasgar o nosso diploma, não é? Ou o dele.

Política não é necessariamente política partidária. Política é relação humana, relação social. Ser político é estabelecer contato com o outro, é promover o bem comum e o desenvolvimento coletivo. O partido é uma entidade ideológica que não é homogênea, infelizmente porque nós não somos homogêneos, graças a Deus. Antes de sermos partidários, é preciso sermos políticos. E antes de sermos políticos, é preciso ler. Sem leitura não há condição mínima de diálogo, de discussão inteligente. A pomba lesa papagaística politiqueira de merda fanática vai responder qualquer coisa e se sentir vencedora da discussão, exatamente como faziam os sofistas. Passaram-se milênios e apesar dos muitos Sócrates que, graças a Deus, hoje há por aí, parece que a voz estúpida dos sofistas ainda insiste em querer se fazer ouvir. 

Ainda falo muita coisa errada, ainda falo muita merda e ainda me calo muito. Porque ainda há muita coisa que não sei e, como eu disse no começo deste texto-desabafo: calo-me quando não sei, para evitar ser mais um politiqueiro de merda por aí a falar besteira, a passar vergonha e a envergonhar os outros.




sábado, 15 de junho de 2013

INDIGNAÇÃO: POVO X POVO - POLÍCIA X PROFESSOR - Não devia ser polícia x bandido?



Eis que desconheço o país em que vivo ou sou ignorante mesmo e nunca soube, realmente, em que país tenho vivido este  tempo todo.
Vi minha amiga, professora, honesta, trabalhadora, pagadora de seus impostos ser COVARDEMENTE presa por um policial - me desculpem - estúpido para elogiar o cidadão que, também deve ser honesto, trabalhador, pagador de seus impostos, mas não deve ter  tido, em seu tempo, algum bom professor - como a minha amiga - que lhe ensinasse a respeitar o direito cívico e democrático de protestar, o direito constitucional de expressão e a boa educação, enfim. 

Mas parece que polícia não tem de ter educação. Policial não precisa ser gentil, não pode ser educado, policial, no Brasil, tem de ser grosso, é a síndrome do pequeno poder, eu diria. Eu me lembro de, pequenininho, na escola primária, ver policiais irem falar sobre drogas, sobre trânsito e eles pareciam 'amigos', pareciam gentis, educados ... onde estão estes policiais? Estes amigos? Nâo se parecem com os de hoje. Sei que o estresse todo com que eles têm de lidar diariamente os endurece, os embrutece, mas a culpa não é da população que protesta por melhores condições de vida - inclusive para eles próprios que, quando não fardados (não sei se eles percebem isso) são cidadãos comuns.

Claro que a ordem tem de ser mantida - concordo. Claro que bandido tem de ser preso, também. Claro que o tráfico tem de ser enfrentado, também. Claro que a violência desenfreada em São Paulo tem de parar, também. E onde está esta eficiência toda nestes momentos? Quando cidadãos são mortos em latrocínios quase diários, onde está a eficiência policial? A mesma que prendeu a professora de mãos para os altos que tinha como ÚNICA ARMA A VOZ? Onde está? A inversão de valores que atingiu nossas famílias, nossas ruas, nossa música, nossa TV chegou às nossas instituições públicas: agora lugar de professor com as mãos para o alto é na cadeia! 
Ora, senhores, respeitem as instituições, sim, mas respeitem, também, os cidadãos! Cidadãos que, como os senhores, são povo.
Deve haver na formação da polícia uma espécie de lavagem cerebral porque eles ficam cegos e são tão mal preparados - desculpem-me, por favor, aqueles que são bons, porque há os que são realmente muito bons. Mas, infelizmente, os maus, os incompetentes também existem (como em toda profissão) - tão mal preparados que não sabem lidar com a liberdade, com a democracia, com a expressão livre do pensamento inteligente. 

A professora de que falo é inteligente, é concursada, é dona de seu discurso, de sua vontade, de sua voz. Foi preparada e se prepara diariamente para liderar alunos para serem, no futuro, pessoas melhores. Pessoas que não agirão assim: que não serão vândalos, porque, sim, sou contra o vandalismo, mas que não terão como única arma a violência, a truculência, as bombas. 

O diálogo ficou onde nos cursos de preparação da polícia? Talvez por isso as negociações em sequestros sejam tão bem sucedidas, não é? Sei que devo estar falando até do que não sei, movido pelo ímpeto da revolta de ver uma colega, uma amiga sendo algemada, colocada num camburão como se bandida fosse, enquanto os bandidos de verdade riem da cara da polícia e da minha cara. 

Da minha cara que agora tenho medo de andar pelas ruas da minha cidade. Medo deles e medo de vocês, sim, medo da polícia, porque eu também sou professor, e, se essa moda pega, daqui a pouco sou eu que posso estar na cadeia, não é? 




REFLEXÃO DA REFLEXÃO ACORDAMOS, ENFIM, DO BERÇO ESPLÊNDIDO OU SÓ ESTAMOS NOS ESPREGUIÇANDO?



Vejo com excelentes olhos todo e qualquer movimento. Movimentar-se é bom, dizem os médicos. Andar, correr, nadar, praticar esportes. Fazer passeata, dizer palavras de ordem também é bom. Destruir patrimônio público, praticar vandalismo, penso que não. Mas o limiar entre o que acontece, de fato, e o que é mostrado em nossas televisões é muito sutil. Já sabemos, ainda bem, que não podemos confiar em praticamente nada do que vemos e lemos. Sabemos, portanto, que, se queremos, de fato, saber como se deu tal evento, devemos ir até lá ou buscar, caçar mesmo, a informação por aqui, pela internet, onde ela é - talvez - um pouco menos corrompida.

Minhas ressalvas, entretanto, à nova e, às vezes não tão boa, internet:

Cuidado ao tratar tudo como se fosse guerra civil. Cuidado com exageros esquerdistas ou direitistas - quaisquer exageros, creio, são desnecessários, uma vez que nossos dados reais já são bastante cruéis e alarmantes, eu diria. Dispensam, pois, exageros.

Cuidado ao julgar o movimento dos outros mais bonito que o nosso. E cuidado ao achar que todo mundo faz isso. Há muita gente que não foi às ruas, mas que louva tal atitude e que não chama isso de vandalismo. Enfim, cuidado com generalizações - elas têm a forte tendência ao engano.

Cuidado ao falar de programas como o PROUNI e associá-los a um governo que 'não investe em educação'. Pensando, exatamente, em PROUNI, nunca um governo federal investiu tanto em educação superior, em acesso a ela. Lembremos que educação básica (ensinos infantil, fundamental e médio) é de responsabilidade direta dos estados e municípios. No nosso caso, aqui em São Paulo - PSDBosta e não PT, pelo menos não até agora. 

O ufanismo não pode nos cegar. Temos, sim, excelentes literatos, publicitários, músicos; mas o tal 'jeitinho brasileiro' não é algo, exatamente, inventado. Há um grau de corrupção tatuado em nosso povo nos níveis mais cotidianos de nossa sociedade. Veja, muita gente que conhece alguém que trabalha em uma UBS ou em um AMA usa esta aproximação para conseguir uma consulta um pouquinho mais rapidamente - para cortar fila. Isso não é arte nem criatividade, é corrupção mesmo. E acontece porque o SUS é um caos, há quem espere um ano e espera-se um ano, porque há os que cortam fila, entende? 

Entende o ciclo vicioso que só há de se quebrar com educação, mas não estudo conteudista só, educação mesmo, educação crítica, educação emancipatória, esclarecedora, crítica de verdade - com muita leitura, muita leitura para não se formar gente pseudointelectual, pseudocrítica, que, aparentemente, até parece refletir, mas que, no fundo, só reproduz discurso alheio. 

Esta educação não pode ficar só sob a batuta da escola, ela deve acontecer em todos os segmentos sociais: família, igreja, escola, TV, mídia em geral, redes sociais, grupos sociais em geral. A escola é apenas um espaço dentre tantos. Educação holística e não mais conteudista, aliás, como nem se conseguiu ainda. 

Diante disso, sem dúvida, manifestações como as que tomam nossas ruas neste momento são de suma importância. Enfim, deixamos o berço esplêndido? Não ousaria ser tão otimista. Mas estamos, talvez, nos espreguiçando. 

Não haverá mudança realmente significativa enquanto não houver um esforço massivo e contínuo de cada um de nós em se tornar um cidadão melhor, mais leitor, mais político (na melhor acepção), mais participativo, mais interessado em assuntos ralmente importantes (a sexualidade de cada um é de cada um). Enfim, enquanto não houver uma mudança de mentalidade quanto à educação. É preciso mais que mudança nas políticas educacionais, é preciso uma mudança radical do modo de se pensar a si mesmo como parte ativa de todo este processo.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sinceridade




- Meu bem, essa mancha ainda está aqui? Já faz mais de uma semana!
- Pois é, você acredita que essa vagabunda ainda não saiu daí!?!

- Ai, amiga, eu estou precisando muito de uma empregada doméstica pra me ajudar. Você acredita que este mês eu precise lavar louça duas vezes!

- Ai, eu juro por Deus que assim que eu tiver dinheiro eu vou mandar lavar esse carro, só pra lembrar qual é a cor dele...
- Mas por que você não olha o documento?
- E você acha que eu sei onde está o documento.


- Amiga, esse negócio de banho é um horror para a pele... só serve para envelhecer a gente. Você acha que essas atrizes de TV tomam banho? Imagina!!!



quarta-feira, 5 de junho de 2013

terça-feira, 4 de junho de 2013

SOBRE A MARCHA CONTRA DIREITOS LGBTs



Um líder religioso que organiza uma marcha CONTRA DIREITOS?!? Sejam eles quais forem, deve haver algo de muito errado no mundo.

Este líder deveria aproveitar o seu poder de liderança e organizar uma marcha contra a violência contra a mulher, que apesar de tudo ainda é enorme. Contra a fome no mundo, que ainda assola e mata milhões. Contra as guerras. Uma marcha contra a pedofilia e todo tipo de violência sofrida por nossas crianças. Uma marcha contra a corrupção. Contra a incompetência e má vontade de alguns gestores públicos. Contra a alienação do povo. Uma marcha contra a manipulação das massas. A favor de uma melhor distribuição de renda e da erradicação da miséria. Contra as drogas e o tráfico. Contra a impunidade. Uma marcha a favor da família, seja ela como for, como forma de garantir futuro às crianças. Uma marcha a favor de Educação de qualidade. Uma marcha pela saúde pública, pela segurança pública, pelo transporte público. Uma marcha contra a segregação racial que ainda existe no mundo inteiro. Contra a intolerância religiosa que, em muitos lugares, ainda mata muita gente. Contra a injustiça. Contra um capitalismo que obriga as famílias a se desfragmentarem para sobreviverem, deixando aos filhos a televisão como educadora, babá, mãe e pai, muitas vezes. 

Uma marcha, enfim, por alguma coisa realmente importante para o bem da humanidade, para o crescimento da espécie humana, para o desenvolvimento cognitivo das pessoas, para a melhoria da qualidade de vida de quem paga imposto, paga transporte público e paga o dízimo. 

Uma marcha pelo direito à vida e não uma marcha para o ódio. Uma marcha, verdadeiramente, para Jesus, porque Jesus é tudo isso que se resume em uma palavra que ainda não aprendemos a viver: amor. 

Quem vai a este tipo de evento, não está se aproximando de Cristo, pelo contrário, a cada passo desta marcha está se distanciando mais dele e se aproximando mais de um vazio imenso, um vazio que é bem pior que qualquer capeta, que qualquer inferno - o vazio de ser infeliz e não suportar a felicidade do outro. Porque quem não entende que o outro é, também, filho de Deus e, portanto seu irmão, com DIREITOS ABSOLUTAMENTE IGUAIS não é cristão - pode andar com a Bíblia, dormir com ela, viver agarrado a ela 24 horas por dia, mas não é cristão. NÃO É CRISTÃO.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O CREDO DO ATEU





Que me perdoem os deuses, mas sou ateu. 
Nasci ateu. 
Eles me batizaram com um nome que agora é meu, mas nunca deixei de ser ateu. Não acredito que haja um ser detentor de todo o poder e de toda a sabedoria. Dono da vida e da morte e que seja tão perfeito em sua crueldade e tão cruel em sua perfeição. Por que nos deixar saber de sua existência? Apenas para se vangloriar de nossa inexistência? Pois eu existo, ele não. Ele é abstrato – substantivo abstrato – só existe se eu o inventar, mas eu não o invento. Que me perdoe o senhor, mas eu sou ateu. Ateu. 
Amém!

Os servos do senhor, seguidos por um Moisés eleito sem segundo turno, fugiram. E com a força de suas palavras  abriram o mar vermelho, que era branco antes de sangrar. Atravessaram suas águas enquanto os peixes, os tubarões e as baleias assistiam a tudo comendo pipoca. Na frente ia Moisés com um GPS, logo em seguida vinha Jesus Cristo e atrás dele Pedro Álvares Cabral. Logo chegaram ao Brasil, que ainda não se chamava Brasil. Ainda era pagão este país todo. Pra cá vieram então os generosos enviados do Senhor para a salvação do (ouro) nativo. Um outro Pedro quis ser imperador. Foi. Cansou-se. Foi-se embora. Abriu as águas do mar como fez Moisés e caminhando calmamente se foi. 

Finalmente chegou o presidente do povo, eleito pelo povo para governar para o povo. Mas a verdade é que apesar de tudo isso, continuo ateu. Tão ateu quanto quando nasci, pouco antes de Moisés se encontrar com George Bush para organizarem uma festa de Reveillon na antiga Babilônia. Até parece que sou crente. 
Deus me livre crer em Deus!
Não acredito em uma palavra que saia das bocas daqueles que se dizem seus pregadores, seus servos. Não. Deixe que o Deus daqueles que acreditam em Deus lhes castigue e lhes condene ao purgatório. 
Eu como não creio, creio que estou salvo. 
Amém!





A MIM




Tudo é reticência. Deus me livre os dois pontos – odeio explicações. Aposto que apostos e opostos nada têm em comum e ser comum é apenas um defeito próprio dos substantivos comuns. Eu não. Eu sou pronome pessoal e isso (pronome demonstrativo) faz toda a diferença. Na matemática, as diferenças ou se somam ou se somem. Prefiro o desencontro dos hiatos a qualquer tipo de rima. As ricas porque são ricas e as pobres por serem pobres. As rimas, enfim, não rimam. Gosto mesmo do cheiro das aspas. Seu perfume de incenso e plágio.

Quero somente as palavras soltas e suas sílabas quebradas. Não gosto de palavras presas em sentenças, sentenciadas à morte. Existe uma ponte ligando as vogais de um hiato. A ponte que me liga a mim é outra. Essa já não há. É como a mancha que fica na parede quando dela se retiram os móveis. Vou pintar as paredes desse quarto e, então, vou me livrar das manchas todas. Todas. Sei que na verdade elas não deixarão de existir. Estarão tão somente escondidas, soterradas, esmagadas pela tinta nova. Uma casca de esconder arranhões. Preciso pintar minha cara e depois minha alma. Não gosto de ditongos, eles me aborrecem. Essa insistência demente de estarem sempre juntos me enoja.

Também não me agradam os mapas. Prisões de montanhas e desertos e mares e florestas. Não me agradam os mapas.
A Hstória e sua estupidez sequencial – sucessão patética de mediocridades – me irrita ainda mais. O passado de nada me serve. Para que rever erros antigos se posso errar de novo e de novo e de novo hoje mesmo.

Gosto da Astrologia. Adoro pensar que as estrelas existem para mim. Que elas todas se reuniram quando nasci para desenharem meu caminho aqui nesse pequeno mundo de seres tão pequenos. Gosto dos astros. Gosto de pensar que eles me conhecem e que falam de mim quando adormeço. Gosto de pensar que eles se encontram e se desencontram e que suas vozes são como tenores desafinados hipnotizados por uma orquestra de instrumentos invisíveis a olho nu. Os astros podem se mover ainda que imóveis. Gosto, enfim, da Física que os inercia em sua benigna inércia.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

quinta-feira, 16 de maio de 2013

COMPORTAMENTOS ESTRANHOS 2 - A GREVE NA MÍDIA





COMENTÁRIO SOBRE MATÉRIA NOJENTA E VERGONHOSA NO JORNAL DA REDE ESGOTO SOBRE A GREVE MUNICIPAL DOS PROFESSORES EM SÃO PAULO



Greve dos professores - e a culpa é de quem? dos professores, claro... onde já se viu, professor querer ser respeitado, professor querer ter um salário minimamente digno? 
Cesar Tralli - que pena - fala que a Educação já não vai bem, imagina com greve... Então, senhor jornalista, se não vai bem, é preciso mudar, reclamar, não é? É preciso protestar, é preciso se mobilizar, mostrar aos governos todos que professor é PROFISSIONAL, não é vocação divina - ALIÁS, DEVIA ATÉ SER - porque, afinal, pastor e padre ganham bem - alguns são até milionários. Já professor... enfim. Mas quem precisa de professor, não é?

Fatos que me intrigam: 

1. De repente, durante as greves, os alunos se tornam excelentes alunos, todos querem estudar, todos lamentam a falta de aulas, a falta de professores. Coitados, sofredores, perdendo conteúdo, perdendo dias letivos. 
MALDITA SEJA A HIPOCRISIA MIL VEZES! E os pais, PARABÉNS! Estão educando muito bem suas crianças! Depois não reclamem, quando estiverem nos corredores das delegacias, das penitenciárias ou dos tribunais!;

2. Escola parece depósito de criança e adolescente - a repórter diz "e o que fazer com as crianças quando os pais não têm com quem deixar?" E a greve, afinal, É DE PROFESSOR OU DE DE BABÁ???? Aliás, com a PEC das domésticas (muito justa), elas terão melhores condições de trabalho que professores (mas já não tinham?!?);

3. E não há uma menção, sequer, de responsabilização das autoridades políticas. Os professores - do nada - inventaram de fazer greve, porque estavam à toa, sem ter o que fazer. Não é porque eles ganham mal, são agredidos diariamente, são mal preparados porque - para sobreviverem - dão 478654265654 aulas por semana e não têm tempo de ler, estudar, fazer pós-graduação etc. Não. É esporte, o país do futebol, das olimpíadas, tem mais uma modalidade: greve de professor. 

4. Os pais, na sua sapiência sem fim, preferem seus filhos enlatados em escolas péssimas, com professores desinteressados, desmotivados - posto que absolutamente desrespeitados - a se unirem, de fato, em uma causa justa e darem força a um movimento que, talvez, tivesse, assim, alguma visibilidade.

Finalmente, parece que é mais interessante, lucrativo e digno fazer qualquer outra coisa da vida menos dar aulas. Acho que é hora de todos pensarem em outras ocupações. Deixem as salas de aula para que os vereadores, os prefeitos, deputados, senadores, governadores, presidentes, enfim - nossos políticos lá entrem e ensinem nossos tão dedicados alunos a serem como eles... oh, meu Deus, o que será de nós? Espero estar morando no Suriname quando isso acontecer!





quarta-feira, 15 de maio de 2013

COMPORTAMENTOS ESTRANHOS





1.      O FUTEBOL E A TORCIDA à 

     O raciocínio, se não me engano, é mais ou menos este: eu tenho, sei lá por que – em geral, pouca gente sabe – afinidade por determinado clube de futebol. A partir desta afinidade, passo, então, a desejar que este clube vença as competições nas quais ele participa. O raciocínio parece simples. 

Recapitulemos: desejo que o clube pelo qual sinto afinidade ganhe os jogos nos quais participa – perfeito. Agora o que não entendo é por que todo o CARNAVAL que se faz, toda a CATARSE, todo o FESTIVAL DE HORRORES EM TORNO DISSO... por que, em outras palavras, algo tão banal se torna tão bestial?

O futebol é uma atividade que pode ser assim descrita: uma profissão para o jogador e um lazer para o expectador. Agora vejamos o que acontece na prática: o jogador, sabe-se Deus por que, convencionou-se que merece ganhar milhões para jogar bola (atividade para a qual não é exigida nenhum diploma, muito menos pós-graduação) e é o que acontece em alguns casos. Ele, então, treina e, no horário estabelecido para o jogo (se jogo “importante” – sei lá para que e para quem – o jogo acontece no horário que a tal rede de TV mandou), ele aparece, joga por 90 minutos ou mais se necessário, ganha, empata ou perde e vai embora. O torcedor, por sua vez, é tomado por uma força anormal, por um furor animal, por uma bestialidade irracional (redundância proposital) e inútil. Inútil posto que nada do que fará – inclusive as mandingas, do ponto de vista técnico e racional – terá qualquer efeito lógico sobre o resultado do jogo e muito menos sobre a vida dos jogadores e nem sobre a sua própria.

Assim, após a partida, os jogadores, se famosos e milionários, voltam para suas muito confortáveis casas em seus muito luxuosos carros com suas muito caras mulheres, ao passo que os torcedores, bem... os torcedores... enfim, os torcedores se, nos estádios das grandes cidades – tomemos São Paulo, como exemplo – e dependentes de transporte público, bem... enfrentarão filas, no mínimo, razoáveis para entrar no ônibus, talvez depois metrô ou trem e quem sabe outro ônibus... se de automóvel, fila ainda maior no estacionamento, congestionamento nas ruas vizinhas.  Isso para não falar nas cenas estapafúrdias de violência que mais parecem tiradas de um documentário do Discovery Chanel sobre algum predador faminto na selva do Congo.

Talvez haja razões filosóficas, sociológicas, psicológicas etc que expliquem esse fenômeno – certamente tem relação com o esvaziamento das relações humanas, com as inversões axiológicas do século XXI, com os novos paradigmas sociais do homem pós-moderno e as novas configurações diante da ‘matilha’, mas, honestamente, para mim, isso tudo continua não fazendo sentido algum – continua sendo um comportamento estranho...
Bem estranho, para ser honesto. Para ser honesto e eufemista.




quarta-feira, 8 de maio de 2013

ORAÇÕES AO FIOFÓ ALHEIO


Recado aos que muito oram para que a cura gay seja, enfim, alcançada no mundo.

Aproveitem e comecem a pedir, em suas orações, a Deus que casais héteros parem de abandonar suas crianças. 
Que mulheres parem de ser estupradas por homens heterossexuais. 
Que dentistas parem de ser queimadas por homens heterossexuais. 
Que guerras parem de matar milhões ao redor do mundo por ordens de generais heterossexuais. 
Que traficantes heterossexuais parem de aliciar crianças nas favelas. 
Que pais heterossexuais parem de espancar suas criancas ou até de abusar delas sexualmente. 
Que homens heterossexuais parem de pagar pela prostituição infantil.
Que maridos heterossexuais parem de agredir suas esposas.
Que políticos heterossexuais parem de roubar o povo desavergonhadamente.
Que líderes religiosos heterossexuais parem de explorar e extorquir os fiéis.
Que pastores evangélicos parem de estuprar fiéis nas igrejas, como aconteceu no Rio de Janeiro... 

Acho que Deus tem coisa muito mais importante pra cuidar do que o que aqueles que, enfim, estão apenas vivendo suas vidas como sentem que devem vivê-la... 
E nós deveríamos fazer o mesmo.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O bicho no. 2





Credo, que medo! Olha a bestialidade desse bicho! 
Veja como ele mata, sem dó, o outro! 

Parece não ter sentimento algum. Os gritos de dor, o sangue, as lágrimas, o desespero - tudo que é do outro é do outro, não o toca, não o comove.

Meu Deus, como é primitivo, como é selvagem. Que monstro!
E mata por matar, não é? 
Mata por estar vivo. Como se o simples fato de estar vivo lhe desse o direito de tirar a vida do outro.

Que bicho desprezível! Tantos outros em extinção - dóceis, frágeis, mansos. E esse aí, tão hostil, tão perigoso, tão assassino cada vez se multiplica mais.

Ouvi dizer que eles agora já são mais de sete bilhões. 
E que estão em todo lugar... Que horror!





quinta-feira, 25 de abril de 2013

De Caetés a New York Times


Aí o moleque nasce miserável.
Nasce bem pra lá de onde Judas, um dia, dizem, perdeu as botas. Nasce numa família com outros – sei lá quantos – miseráveis.
Cresce miserável, mas por uma força qualquer, que é maior que ele mesmo, rompe a própria miséria e sai de lá, vai pra cidade grande, começa a trabalhar e, como milhões, não estuda, mas aprende uma profissão. Não estuda porque pobre, no país onde o moleque nasceu nunca pôde estudar, mesmo, mas teve uma profissão.
E o moleque miserável vira sindicalista, líder de outros trabalhadores que não aceitam ser explorados por aqueles que, por não nascerem na miséria, puderam estudar, puderam se doutorar e se acharem, então, no direito de explorar os outros. E o menino, já crescido então, funda um partido, o partido dos trabalhadores, vai preso, é torturado, é solto, é candidato – uma, duas, três vezes e só ganha quando muda o discurso, quando muda a aparência. Quando deixa de parecer miserável, quando deixa de parecer trabalhador e sindicalista. Só ganha quando o povo não o enxerga mais como povo. Porque povo é tão burro que não elege povo. Povo está tão acostumado a tomar no cu que gosta, mesmo, é de eleger dominante. Então, quando o miserável vestiu terno e gravata, começou a falar como dominante, então, ele venceu eleição, virou presidente.
Mas pra fazer pelo povo, o presidente viu que precisava se juntar com quem ele sempre combateu. Precisava fazer aliança com os inimigos. E fez. Fez porque tinha um objetivo maior. Um compromisso com a sua própria história. Erros há, houve e haverá sempre – ainda bem. Pois o menino miserável, agora de terno e gravata é humano e bem humano.
Elegeu-se de novo e eleger-se-á quantas vezes mais se candidatar.
Hoje o menino pobre é MUNDIALMENTE aclamado, reconhecido, premiado, homenageado. O mundo o aplaude, o mundo o respeita. Ele só não é respeitado no seu próprio país, pelo seu próprio povo. Não por todos, é claro, mas por uma minoria recalcada, por uma pseudo elite ignorante, alienada, burra, estúpida que absorve o discurso do dominante e acha que lugar de pobre ainda é na senzala. Esse pessoal não se conforma que nosso moleque pobre  permitiu que o filho da empregada chegasse à universidade, não se conforma que o motorista do homem rico, hoje, pode dirigir o seu próprio carro zero. Não se conforma em ter que admitir que o proletário semianalfabeto, como eles adoram dizer (sem ter o menor fundamento científico sobre letramento e alfabetização), levou o país a um equilíbrio econômico, social e político como nunca visto antes.
Agora têm que engolir que o nordestino ignorante, pobre, sindicalista tem título pela Sorbonne, tem prêmio Nelson Mandela e tem coluna no New York Times dentre tantas outras honrarias. O que me impressiona é ver pobre falando mal do Lula. Quando vejo um magnata tecendo comentários preconceituosos sobre ele me calo, o cara, afinal, está defendendo interesses legítimos, agora um pobre, ou classe média – é burrice pura. É alienação do pior tipo. Quem não sabe, explico: alienação tem a ver com ‘alien’, ‘alienígena’ – isto é – absorção do discurso do outro – do estrangeiro – é assim: eu passo a pensar como alguém que não sou eu. Fico, por exemplo, assistindo aos programas imbecilizantes da rede esgoto e de outras piores, ou lendo as porcarias da Revista “Veja que Merda” e vou absorvendo e saio, por aí, reproduzindo esses discursos como se fosse verdade, como se aquilo me representasse. Ex.: certa vez vi um imbecil, na minha cidade,  Ilha Solteira, interior de São Paulo, falando mal do movimento sem-terra, o coitado não tinha sequer um terreno no cemitério pra cair morto... e falava dos sem-terra. Isso é alienação. Se um latifundiário estivesse fazendo o mesmo discurso era um discurso válido, mas um pobre coitado, não, é burrice mesmo.
Cada um é livre para ter opinião, claro. Vivemos numa democracia, aliás, graças a esforços de pessoas como a Dilma, que lutaram contra a ditadura. Podemos não gostar do Lula, claro. O que não podemos é negar os avanços explícitos, escandalosos, óbvios dos seus dois mandatos. Negar tudo isso, repito, é estupidez, é a velha história do ‘pior cego é o que não quer ver’. Como professor universitário há mais de dez anos, eu vi a mudança nos bancos da graduação, vi alunos chegando pra estudar advindos de classes sociais que não teriam a menor chance de um diploma, antes de programas como o PROUNI e o FIES.
Acusam-no de corrupção.  É o mesmo que acusar o médico que descobriu a doença que há muito afligia o paciente – veja, o Brasil não começou a ter corrupção em 2002, isso é ridículo, é burrice de novo. Há séculos, sofremos com corrupção. O que está acontecendo é que isso está vindo à tona como nunca antes. Alguns vão preferir culpar o médico pelo câncer ou culpar a Deus ou ao capeta, sei lá  - isso é covardia. O fato é que nós somos um povo corrupto e que estamos, lenta e dolorosamente, aprendendo a mudar isso. O famoso “jeitinho brasileiro” – se você vai ao SUS e conhece alguém lá dentro, diga se não vai tentar conseguir adiantar o dia da sua consulta, não vai tentar facilitar a sua vida... então, isso é corrupção... está na alma do brasileiro  - mas é muito mais fácil acusar o Lula – bota a culpa no nordestina pobre. Enquanto mais de 600 denúncias de corrupção foram engavetadas no governo FHC, enquanto o mensalão do PSDBosta até hoje não é investigado, as denúncias do governo LULA/DILMA estão aí sendo todas esmiuçadas.
O fato é que o mundo percebeu o quanto o Brasil cresceu nos últimos 10 anos. O mundo viu o país que éramos e o país que somos. O mundo viu que o grande sociólogo, Dr. FHC, não conseguiu fazer o que o simples metalúrgico fez e porque o sociólogo estava preocupado em vender o Brasil, em agradar aos Estados Unidos.
Aliás, este é um ponto chave em tudo isso. Até 2002, o Brasil fazia negócios, basicamente só com os Estados Unidos, hoje, negociamos com o mundo todo.
Sei que muito tenho estudado e muito mais estudarei na minha vida – muito mesmo – mas sei que devo morrer sem uma coluna no New York Times, provavelmente. Provavelmente, também, sem um título da Sorbonne, mas inveja é uma coisa feia, não é? O que o menino pobre, sindicalista, melhor presidente da república do Brasil de todos os tempos conseguiu é mérito dele, parabéns a ele, ao seu esforço. Que nós busquemos seguir seu exemplo e conquistar, também, nossas vitórias, em vez de invejá-lo e tentar diminuir o seu tamanho. Lula é um homem que fez muito mais pelo Brasil do que mil Pelés jamais farão.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

DR NA TPM


- Se você sair por essa porta, Carlos Emanuel, não volta mais. Nós estamos discutindo a nossa relação e como sempre você quer fugir da conversa. Eu te conheço.
- Tudo bem, então eu vou fazer o seguinte, em vez de eu sair pra buscar a pizza, eu vou chamar o entregador pra discutir a relação com a gente, o que você acha?
- Ah, seu cafajeste! Você está insinuando que eu tenho um caso com o entregador de pizza, é isso? Eu não acredito!
- Oh, mulher louca, meu Deus!
- E ainda me chama de louca! Você não viu nada! Deixa que eu vou buscar essa pizza! Mas eu vou nua! Entendeu? EU VOU NUA, Carlos Emanuel!
- Isso, Rebeca, Vai, minha filha, vai pelada, mesmo, assim, de repente ele nem cobra gorjeta.
- E agora você está dizendo que o que eu represento pra você, Carlos Emanuel, é uma gorjeta, é isso, seu canalha?

Choro compulsivo....
Entregador toca a campainha de novo...

- Você vai me deixar buscar a pizza ou não, afinal?
- E ainda por cima eu sou autoritária!!! Ah, meu Deus!!!
- Ah, eu desisto... eu devia ter nascido gay! Acho que eu é que vou buscar a pizza NUAAAAA!!! NUAAAA e ver se o entregador me quer!




MORAL DA HISTÓRIA: Em DR na TPM, o silêncio é sempre a melhor escolha!

UM PACIENTE NADA PACIENTE




Estava tudo bem. O paciente nem sabia que era um paciente. Caminhava pelas ruas normalmente. Saía de casa e ia para o trabalho como se ele não tivesse nenhum problema. Até o dia que fora obrigado a passar por um desses exames de rotina na empresa. 
No exame, descobriu, então, que estava doente, muito doente. Descobriu que era paciente e que estava com sua saúde gravemente comprometida. 
Revoltou-se. 
Não aceitou. 
Praguejou.
O médico é o culpado, gritou. 
O médico não presta, praguejou.
O médico é incompetente.
Tudo é culpa do médico. Ele é o pior de todos os médicos do mundo!
Não aceitou o tratamento....
Morreu.

- Moral da história:

O Brasil sempre esteve doente, mas nunca quis saber, nunca quis se cuidar. Andava por aí normalmente, fingindo-se de saudável. Agora foi diagnosticado: está com sua saúde, sua educação, sua moradia, trabalho, segurança, economia, tudo, enfim, gravemente doente. E a culpa é de quem? Ora, dirão alguns, a culpa é de quem diagnosticou. A culpa é do governo atual, que descobriu a doença, a grave doença chamada corrupção e que está combatendo os vírus e as bactérias dessa tão antiga doença. Mas os mais esclarecidos entenderão que culpar quem diagnosticou está errado. Não há culpados isolados, há uma doença generalizada que precisa ser seriamente tratada e que está sendo tratada. Por isso os problemas aparecem, as feridas doem, os micróbios se mexem, porque estão sendo combatidos. A doença está instalada há muitos e muitos anos, o tratamento ainda vai demorar muito. Ainda vai causar muita dor, ainda vai custar muito caro, ainda vai irritar muito o paciente, mas, no final, todos verão que quem diagnosticou a doença não é o vilão, o vilão, se há um, foi quem a escondeu por tanto tempo, foi quem fingiu que estava tudo bem. 






FAÍSCAS DE LUCIDEZ


         

Só os fracos gritam que são fortes. 
Os fortes o são simplesmente.


O medo vem disfarçado em agressão. 
A coragem olha nos olhos.



O micróbio no lixo, o rato no esgoto, o urubu na carniça são machos e nem precisam bater em gays pra isso. 
Homem é algo bem diferente.


Há quem visite o paraíso e prefira tirar fotos 
pra depois se lembrar do que não viu enquanto tirava fotos.



quarta-feira, 17 de abril de 2013

SÓCIO DE MERDA

O sócio viu que só tomava no cu
O sócio viu que o outro tava sempre na melhor.

O sócio viu que o outro morava bem
comia bem
dormia bem
Enquanto ele
não morava,
mal comia
nem dormia

O sócio viu que o outro sócio viajava
trocava de carro, trocava de mulher
trocava de celular
trocava por trocar

Enquanto ele, que
levava a empresa nas costas
trabalhava pelos dois
não saía da miséria,
não trocava nem de roupa...

Daí que um dia
o sócio cansou de se fuder
e mandou o outro sócio se fuder;
- melhor - ele mesmo fudeu com o outro sócio
descarregou a pistola no sócio,
roubou o carrão do sócio,
as joia, os dinheiro, os dolar
e foi ser dono - sozinho - da sua vida

Agora ele é sócio n'outra sociedade

Ele fala, é ouvido
manda, é obedecido,
mata e agora, está lá, sendo morto...


Somos todos sócios da mesma merda: 
so ci e da de!
e reclamamos quando um sócio se cansa de só se fuder
e resolve fuder com a gente e sai por aí matando, sai roubando, assaltando, o caralho!
É isso aí, porra, enquanto essa porra for assim: 
200% pra meia dúzia e quase nada pra milhões - a merda vai ser assim, mesmo...
O filha da puta vai sendo explorado até quando aguenta
depois ele cansa e mata o filha da puta que explorava.
E o pior é ver o filha da puta com cara de otário,
com cara de babaca lendo isso agora e achando 
que não é dele (e que não é de mim) que eu tô falando! 
Vai se fudê!


segunda-feira, 15 de abril de 2013

CIRANDA DA CILADA



Há tanto a ser falado e ela cala.
Há tanto a ser chorado e ela engole.
Há tanto a ser criança e ela é velha.

Velha do que fez - ela matou.
Velho do que tem - ele roubou.
Velho do que pega - ele trafica
Velha do que pesa - ela se vende.


Velha - minha criança é muito velha - já paga o castigo antes mesmo do pecado!
Velho - muito velho, meu menino velho. 


Quem mandou escolher ser bandido, quem mandou?
Olhei minha cadela antes de dar na cara dela e perguntei:
quem mandou escolher ser cadela, quem mandou?


Criança não sabe o preço do que quer 
não sabe o preço - quer e pronto!

o rico pede
o pobre rouba
Pronto!

E sou eu que faço a criança
Eu!
Eu faço a rica.                                                                                                     Eu faço a pobre.
Eu dou pra rica.                           Esqueço a pobre
A rica me pede.                                                                               A pobre me mata.
A rica é linda.                                                                  O pobre é rato!
A rica cheira!                                                                                                         A pobre fede!
A rica estuda!                                                                                 A pobre apanha!




Uma vai pra facu...                                                             A outra vai tomar no cu!