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quarta-feira, 15 de maio de 2013

COMPORTAMENTOS ESTRANHOS





1.      O FUTEBOL E A TORCIDA à 

     O raciocínio, se não me engano, é mais ou menos este: eu tenho, sei lá por que – em geral, pouca gente sabe – afinidade por determinado clube de futebol. A partir desta afinidade, passo, então, a desejar que este clube vença as competições nas quais ele participa. O raciocínio parece simples. 

Recapitulemos: desejo que o clube pelo qual sinto afinidade ganhe os jogos nos quais participa – perfeito. Agora o que não entendo é por que todo o CARNAVAL que se faz, toda a CATARSE, todo o FESTIVAL DE HORRORES EM TORNO DISSO... por que, em outras palavras, algo tão banal se torna tão bestial?

O futebol é uma atividade que pode ser assim descrita: uma profissão para o jogador e um lazer para o expectador. Agora vejamos o que acontece na prática: o jogador, sabe-se Deus por que, convencionou-se que merece ganhar milhões para jogar bola (atividade para a qual não é exigida nenhum diploma, muito menos pós-graduação) e é o que acontece em alguns casos. Ele, então, treina e, no horário estabelecido para o jogo (se jogo “importante” – sei lá para que e para quem – o jogo acontece no horário que a tal rede de TV mandou), ele aparece, joga por 90 minutos ou mais se necessário, ganha, empata ou perde e vai embora. O torcedor, por sua vez, é tomado por uma força anormal, por um furor animal, por uma bestialidade irracional (redundância proposital) e inútil. Inútil posto que nada do que fará – inclusive as mandingas, do ponto de vista técnico e racional – terá qualquer efeito lógico sobre o resultado do jogo e muito menos sobre a vida dos jogadores e nem sobre a sua própria.

Assim, após a partida, os jogadores, se famosos e milionários, voltam para suas muito confortáveis casas em seus muito luxuosos carros com suas muito caras mulheres, ao passo que os torcedores, bem... os torcedores... enfim, os torcedores se, nos estádios das grandes cidades – tomemos São Paulo, como exemplo – e dependentes de transporte público, bem... enfrentarão filas, no mínimo, razoáveis para entrar no ônibus, talvez depois metrô ou trem e quem sabe outro ônibus... se de automóvel, fila ainda maior no estacionamento, congestionamento nas ruas vizinhas.  Isso para não falar nas cenas estapafúrdias de violência que mais parecem tiradas de um documentário do Discovery Chanel sobre algum predador faminto na selva do Congo.

Talvez haja razões filosóficas, sociológicas, psicológicas etc que expliquem esse fenômeno – certamente tem relação com o esvaziamento das relações humanas, com as inversões axiológicas do século XXI, com os novos paradigmas sociais do homem pós-moderno e as novas configurações diante da ‘matilha’, mas, honestamente, para mim, isso tudo continua não fazendo sentido algum – continua sendo um comportamento estranho...
Bem estranho, para ser honesto. Para ser honesto e eufemista.




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