Seguidores

segunda-feira, 29 de julho de 2013

NA FILA



Estou ilhado
Cercado de ilhas por todos os lados

Cada ilha uma queda
Um tombo
Cada ilha um amontoado
De metonímias velhas, acabadas

Ilhas isoladas
Siamesas ilhas desconhecidas
Estrangeiras na mesma fila de ilhas
Unidas pela mesma língua
Ungidas pela mesma míngua
Separadas pelo mar sem fim
De ridículas idiossincrasias

E películas de hipocrisia.



terça-feira, 23 de julho de 2013

SE EU FOSSE SOBRE O PAPA FALAR

 
 
Dúvidas... coisas que até pensei questionar (com respeito e deferência, claro) ... mas depois, desisti:
1.       Que relação esquizofrênica e medieval é esta, afinal, entre a Igreja Católica Apostólica Romana e política governamental, presidentes de repúblicas, chefes de estado? Se o pontífice vier como Presidente da República do Vaticano (é República?), enfim, tudo bem – honrarias de Chefe de Estado. Mas, penso que ele veio como religioso, não é? Então, que a sua igreja o receba muito bem, com muito carinho e respeito, com toda a honra que ele merece... mas a sua igreja, somente, não a federação, o governo... Aliás, sempre achei estranho que uma igreja seja dona de um país... mas, enfim, quem sou eu?
2.       Por que o presidente de uma organização internacional tem de ser recebido pela/o presidente de um país? Pensemos: diariamente chegam ao Brasil, centenas de presidentes de indústrias / empresas / negócios (menos lucrativos, inclusive) e, pelo que sei, eles não são recebidos pelas autoridades máximas do país...
3.       E quanto às outras religiões? Imagino o grande chefe dos muçulmanos chegando ao Brasil e sendo ovacionado nacionalmente, recebido pela presidente da república, pelo presidente do STF. Imagino o maior representante do budismo recebendo o mesmo tratamento. Penso no babalorixá dos babalorixás chegando ao Brasil – queria ver a senhora presidente, o senhor presidente do STF baterem cabeça pra ele.
4.       Afinal, somos ou não somos um país laico como diz a nossa Constituição Federal?
5.       Eu ia até sugerir que a Igreja Católica Apostólica Romana cuidasse mais dos assuntos celestiais, como postulou aquele a quem seus dirigentes devem se lembrar: Jesus. Coisas simples como amar a Deus e ao próximo, mas como não gosto de coisas óbvias, prefiro me abster.
6.       Que venha o pontífice! Que chegue com sua simpatia, sua amabilidade, sua pretensa humildade, inclusive, mas que cuide mais do amor e menos do ódio, não é? Acho que nós já temos Malafeias demais, Infelicianus demais, por aqui, pregando o ódio ao próximo – quando este próximo não é como eles querem que seja. Não é necessário que alguém venha de tão longe, gerando tanto gasto aos cofres públicos para dizer mais do mesmo – já sabemos que a Igreja Católica Apostólica Romana é contra... contra ... contra... (contra o século XXI, contra leitura crítica do mundo, contra inteligência, contra pensamento esclarecido, contra liberdades pessoais, contra direitos civis – enfim, a favor do seu passado sombrio e macabro). Não me lembro, apesar da minha ignorância bíblica, de Jesus ser contra outra coisa senão a exploração do mais fraco, a mentira, a discriminação, o julgamento do outro, a falta de amor entre as pessoas... mas para a Cúria, parece que “quem é mesmo esse Jesus”? Algum hippie maluco do século 0?
7.       Finalmente, pergunto-me, por que é que meus impostos têm de custear a hospedagem e a segurança de Sua Santidade se a Igreja Católica Apostólica Romana tem dinheiro para comprar o Rio de Janeiro se quiser?
8.       Mas, nada disso direi, prefiro me calar e fingir que faço parte da massa feliz que, como os que vão aos estádios, assistem orgulhosos a seu time vencer e acreditam, vejam vocês, que estão vencendo também!
9.       Como dizia minha linda e sábia avó: “Deus me livre”!
10.   Salve sua força, Santidade!!! E já que está no Brasil: Axé!!!
 
 
 
 
 

domingo, 21 de julho de 2013

DISTÂNCIAS




Vejo, em minha frente,
dois homens
dois pais
e seus dois filhos nos braços

são pais
são homens
são negros

seus filhos
ungidos pela mesma pele escura
unidos no mesmo vagão escuro
vão se encontrar um dia
untados num mesmo vagão, como hoje,
esmagados um no outro
separados um do outro...