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segunda-feira, 22 de abril de 2013

UM PACIENTE NADA PACIENTE




Estava tudo bem. O paciente nem sabia que era um paciente. Caminhava pelas ruas normalmente. Saía de casa e ia para o trabalho como se ele não tivesse nenhum problema. Até o dia que fora obrigado a passar por um desses exames de rotina na empresa. 
No exame, descobriu, então, que estava doente, muito doente. Descobriu que era paciente e que estava com sua saúde gravemente comprometida. 
Revoltou-se. 
Não aceitou. 
Praguejou.
O médico é o culpado, gritou. 
O médico não presta, praguejou.
O médico é incompetente.
Tudo é culpa do médico. Ele é o pior de todos os médicos do mundo!
Não aceitou o tratamento....
Morreu.

- Moral da história:

O Brasil sempre esteve doente, mas nunca quis saber, nunca quis se cuidar. Andava por aí normalmente, fingindo-se de saudável. Agora foi diagnosticado: está com sua saúde, sua educação, sua moradia, trabalho, segurança, economia, tudo, enfim, gravemente doente. E a culpa é de quem? Ora, dirão alguns, a culpa é de quem diagnosticou. A culpa é do governo atual, que descobriu a doença, a grave doença chamada corrupção e que está combatendo os vírus e as bactérias dessa tão antiga doença. Mas os mais esclarecidos entenderão que culpar quem diagnosticou está errado. Não há culpados isolados, há uma doença generalizada que precisa ser seriamente tratada e que está sendo tratada. Por isso os problemas aparecem, as feridas doem, os micróbios se mexem, porque estão sendo combatidos. A doença está instalada há muitos e muitos anos, o tratamento ainda vai demorar muito. Ainda vai causar muita dor, ainda vai custar muito caro, ainda vai irritar muito o paciente, mas, no final, todos verão que quem diagnosticou a doença não é o vilão, o vilão, se há um, foi quem a escondeu por tanto tempo, foi quem fingiu que estava tudo bem. 






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