Seguidores

domingo, 10 de março de 2013


Resposta a frases do tipo:
 'Ninguém nunca deu atenção a essa história de Direitos humanos antes e agora todo mundo só fala nisso".
Crítica a quem, finalmente, começou a criticar.


Eu não entendo...

Reclamam que o povo brasileiro não pensa, não lê, não critica. Pois bem, quando as pessoas começam a fazer aquilo que os 'intelectuais' reclamam - eles reclamam de novo.
Eu questiono, pois, a intelectualidade de tais intelectuais.
Pensemos: intelectual é aquele que, além de um alto nível de letramento, além de ter conhecimento amplo de diversos assuntos, é alguém crítico, alguém com capacidade reflexiva bem desenvolvida. Mas, acima de tudo, o verdadeiro intelectual é alguém que celebra a emancipação do outro, o surgimento de outros seres - também - críticos. Então, estarrece-me ler alguns comentários como este - ainda mais se eles proveem de educadores: sujeitos estes que deveriam promover a emancipação de seus discípulos e, honestamente, não sei se são eles, sequer, realmente emancipados intelectualmente.
O importante, vale ressaltar, não é que comunguem ideias, pelo contrário, saúdo a discordância - discordem, polemizem - mas promovam a reflexão - afinal, este tem sido o papel de quem se propõe a educar desde Sócrates, não é? Criticar quem critica é, no mínimo, corroborar a massificação da desinteligência nacional e, dependendo de quem o faz, em minha opinião, chega a ser patológico.

Louvo a iniciativa de se criticar veementemente a nomeação do pastor homofóbico e racista ao cargo de presidente da comissão de direitos humanos. Sei que, talvez, muitos dos que, hoje, criticam, jamais se importaram com tal comissão, mas nunca é tarde para se despertar um espírito questionador. Que bom que a população está atenta a esses movimentos políticos! A essas estratégias partidárias perversas e nojentas! Que bom que nossos jovens estão usando as redes sociais para algo mais inteligente e útil!

Vislumbro, ainda que bem lentamente, uma mudança de paradigma comportamental - talvez nós, como povo, estejamos abandonando o clássico posto de passividade que durante séculos nos emblemou, nos rotulou e nos trouxe à situação de miséria (total, não apenas financeira) em que nos encontramos hoje. Talvez estejamos, finalmente, aprendendo a ser sujeitos de nossos discursos - sei queposso parecer exageradamente otimista, mas como disse: 'vislumbro' e 'muito lentamente'. Ainda há, claro, entre os que criticam, muitos "caras pintadas", isto é, muitos que nem sabem do que estão falando. Mas, ainda assim, o ato de vociferar contra o que incomoda é positivo, o fato de assumir posicionamentos polêmicos publicamente é positivo.
Nunca, antes, na História da Humanidade, o povo (povo, mesmo) teve tanto espaço para se manifestar livremente - nem  na Revolução Francesa - com sua ilusão de igualdade. Hoje, qualquer pessoa faz isso que agora estou fazendo: conecta-se a uma rede, cadastra-se em um site de relacionamento ou cria um blog, escreve aquilo que pensa e, mais importante,  TORNA PÚBLICO O QUE PENSA.

Um comentário:

  1. Leandro sabe porquê os intelectuais estão criticando? No fundo,por medo,sim porque quando o"povo ou minorias"querem,se entereçam e decidem participar ou criticar algo,fazem muito barulho e provocam mudanças,e isso incomoda,mostram que não são tão burros e sim acomodados,e intelectuais têm medo disso,porque mostra que,o que eles levaram anos para aprender e compreender estudando o povo aprende no seu dia a dia.
    Com relação a esperança de mudanças de comportamento,eu também tenho,mas isso só ocorrerá quando as minorias(que já não são tão minorias assim)passarem a participar em pró de um todo,e não somente quando o assunto lhes interessa ou prejudica.

    ResponderExcluir