Na mesa de centro do centro do quarto do sono que não tenho
tem um retrato teu que não me sorri quando passo por ele.
Finge que não me vê.
Todo dia tento atear fogo nele, tento furar teus olhos nele,
tento arrancar teu sorriso que não me sorri.
Mas ele insiste em fingir que não me vê.
Um dia ainda rasgo teu sorriso que não ri e te risco de uma
vez do rabisco torto que sobrou no rosto que não ri mais
– aqui, fora do retrato –
este que, um dia, tanto te fez sorrir.
Mas era tudo moldura. Eu não sabia, mas era só rascunho para o retrato triste
que tu farias de mim.
Há certos retratos que devem ser queimados e exorcizados para que possamos seguir em frente,que pena que não podemos fazer isso com as lembranças.
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