Seguidores

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O ASSISTENTE






                - Então, o senhor almeja a um cargo de assistente meu?
                - Sim, senhor. Quero ser seu assistente no Congresso.
                - Muito bem. Então vamos lá. Para dizer se vou ou não contratá-lo, eu preciso saber das suas qualificações.
                - Pois não. O senhor pode preguntá.
                - Então, o que o senhor sabe de matemática financeira?
                - Eu?
                - Sim, o senhor.
                - Eu num sei nada não senhor.
                - Nada? Tudo bem. E o que o senhor sabe de relações públicas?
                - Nada
                - Nada? De relações internacionais?
                - Nadinha.
                - Eu estou entendendo. Bom, o senhor deve saber Língua Portuguesa, eu quero dizer, gramática, sim. O senhor poderia revisar meus textos. É bom em gramática?
                - Óia, pra ser honesto, eu nunca ouvi falar essa palavra. Mas achei muito bonita. Gra-má-ti-ca. Muito bonita.
                - Mas, veja bem, meu senhor. Como o senhor quer ser meu assistente no Congresso. Como o senhor quer auxiliar um político como eu se o senhor não sabe nada? O senhor sabe ler?
                - Muito pouco.
                - E escrever, o senhor sabe escrever?
                - Vixi, quasi nada.
                - Olha, sinceramente, assim é impossível. Não tenho como contratar o senhor.
                - Escuta aqui, doutor deputado, o senhor vai me contratá sim senhor, sabe? E sabe por quê? Porque o senhor andou comendo minha muié e ela embuxou. Minha muié trabaia na casa do senhor, limpando os cocô de sua fia, barrendo o chão, cuzinhando. Então. Quando eu descubri a senvergonheza d’oceis, eu arrezorvi que ela ia embuxar. Falei – muié, ocê trata de embuxar do homi e é pra logo isso. O bixinho vai nascer e nóis vai mandá fazê o DNA, num é? E vai tá lá escrito que o muleque num é meu, é do senhor. Aí é só ir pros jorná, pras televisão e botar a boca no trombone. O senhor naum tá querendo ser governador? Então, acho melhor o senhor me contratá aí pra ser seu assistente, mesmo, senão num vai ter governo nenhum pro senhor governá. Escutou? E tem outra coisa, tomém. O senhor fica aí cheio das presepada, me apreguntando um monte de pregunta que eu nem sei o que é, sendo que pra ser assistente de político eu tô  é bão demais. Uai, e não? Eu sei arrancá dinheiro e favor dos outro, sei manipulá as pessoa, usá os parente e sei dá gorpe. Óia, um pouco mais e eu compito com o senhor nas urna. E ganho. E ganho. Tô contratado ou num tô?
                - Ah, mas é claro que sim. Imediatamente.

                - Muito agradecido. Inté.






Nenhum comentário:

Postar um comentário