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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ENIGMA DA ESFINGE




Se o viado chama o preto de preto é crime. Mas se o preto chama o viado de viado é o quê?

Como no Brasil não há uma lei contra homofobia, não é crime.

Resposta:

Se o preto chama o viado de viado é burrice, mesmo. É estupidez das grandes. É a pior das alienações.



Tenho de ter muita convicção na minha luta contra o racismo para crer que o negro, personagem da cena a que há pouco assisti e que tanto me estarreceu, é uma exceção e não a representação dessa etnia tão rica em cultura, história e luta. 

Todo negro é alguém que traz no sangue, na pele e na árvore genealógica séculos de luta contra o preconceito e a discriminação num país que finge não ter racismo. Num país que carrega, para sempre, a mancha da vergonha da escravidão e da exclusão que se seguiu após sua abolição e que ainda se segue até os dias de hoje, ainda que dissimuladamente.

Assistir a um negro zombando de um homossexual dentro do mercado me deu vergonha, provocou-me enjoo. Não por nenhuma filiação pessoal, mas por uma questão política. Na melhor acepção da palavra, política é a capacidade de viver em sociedade, de relacionar-se com o outro, de posicionar-se diante do outro, a partir do que se acredita, do que se é como pessoa - este ser político que sou eu é que grita agora de indignação. Não me é concebível que alguém que sinta na pele - literalmente - as marcas do preconceito a vida toda, veja-se no direito de agredir verbalmente outra pessoa por sua orientação sexual ou por qualquer que seja o traço que a distinga da suposta maioria. 

Obviamente, o negro, assim como qualquer outra pessoa, tem direito a sua opinião e pode, sem o menor problema, não aprovar o comportamento gay. Ele tem, inclusive, o direito de expressar esta opinião, posto que vivemos em uma democracia. O que ele não pode jamais é, com isso, desrespeitar o direito de o outro ser o que é.
Nossas opiniões têm momento, espaço e maneira adequados para serem expressos e, com inteligência e bom senso, todos somos capazes de usar a linguagem para isso sem invadir a liberdade e a individualidade do outro. 
Talvez seja este o problema do rapaz negro da cena descrita: falta de inteligência e bom senso.




4 comentários:


  1. Não assisti ao vídeo caro e nobre amigo. Mas, preciso contar uma coisa,pessoal individual. Eu fui criado em uma sociedade onde negros misturavam-se a negros, e brancos aos brancos. Não cresci crendo ser a melhor opção de convivência, portanto mudei minha concepção.
    Tenho uma infinidade de amigos negros, profissionais amigos e colegas de trabalho, que não são vistos negros, são categoricamente vistos como seres individuais e únicos, sem referencia à cor.
    Faço aqui uma mea culpa, trago comigo ressalvas é lógico à minha vida privada, sendo homossexual meu direito de escolha escolhe os brancos, meu hormônio os escolhe, talvez eu não tenha trabalhado isto mas, não exercitei meu cérebro por entender que sendo privativo não pode ser crime , e sinceramente esta de bom tamanho assim, não me considero um racista, entendo que seja uma escolha intima e ela tem de ser respeitada.
    Tenho enquanto ser social e coletivo, diversas outras ressalvas, como por exemplo não frequentar tal e tal lugares, mas, não tenho o direito de sair por ai achincalhando ninguém pelo que se apresentam, cada um é de uma maneira e pronto, agora socialmente responde pelo que é..
    Minha aceitação, nobre Luis não tem necessariamente que me impor acatamento e tolerância, posso respeitar , tolerar ou não, simplesmente ignorando sem agredir.
    Outra ressalva, eu não tenho amigos efeminados , eu não permito a aproximação destes, e tenho amigos negros, e não aceito nem é pela sociedade que pode produzir juízos a meu respeito , é questão de escolha , minha, quando não tolero algum tipo de pessoa, individualizada, deixo esta pessoa de lado, não trago para o meu grupo de convivência, entendo que é minha escolha não podendo afetar a mais ninguém.
    Quanto ao racismo e a homofobia sigo com meus presságios comuns , não tenho o direito de sair por ai matando ninguém, nem agredindo a nenhum outro ser humano, e entendo que seja inconcebível meu caro que num pais tão miscigenado ocorra tal fato. É fato que com o que temos de acesso a cultura e nosso respectivo interesse por educação, estamos longe ainda de conseguirmos nos reunir e respeitar sem perceber o topete copiado de um jogador de futebol , ou os trejeitos do mordomo da madame da novela das oito.enfim sou assim,peço desculpas mas ainda prefiro ficar quieto respeitar e deixar que as massas misturem-se, e torcer para que cheguem num consenso adequado neste pais imenso.
    E o senhor e um cara inteligente e sabe o quanto complicado isto e. empunho a bandeira da solidariedade e não violência,isto implica torcer par que grupos que se tratam e agem como minoritários se entendam e cresçam em todos os aspectos.
    Outrossim comportamento adequado implica aceitação sem muitos questionamentos.
    Eu te desejo um mar calmo nesta jornada.

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  2. Como eu disse, opiniões todos temos. Como temos, também, o direito de expressá-las. O que não podemos é, com isso, ofender e desrespeitar os outros.

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  3. Não consigo entender como nos dias atuais ainda há essa praga chamada preconceito,no qual contamina não só nossa sociedade como sociedades pelo mundo.Esse tipo de comportamento primitivo não se explica por si só,esses grupos que descriminam outras pessoas seja pela cor,opção sexual,altura,porte físico e porai vai(sim porque essa praga têm várias vertentes),são pessoas egocêntricas em suas opiniões e principalmente de visões curtas,que não são capazes de dimensionarem as consequências que se seguem após uma pessoa ser vítima de preconceito,principalmente na área psicológica(da humilhação sofrida)o que acarreta um efeito dominó na vida da vítima como de sua família e amigos.Deveria haver um movimento para que se criar leis eficazes para todo e qualquer tipo de preconceito,esses grupos procurarem coisas mais úteis para fazer.

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  4. Pois é, Fátima, felizmente, racismo,no Brasil já é crime inafiançável e imprescritível, mas homofobia ainda não. E tem de ser. Tem de ser crime para que as pessoas aprendam que não têm o direito de humilhar ou agredir ninguém pelo que elas são em sua intimidade.

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